A economia circular e os seus benefícios para o ambiente, para o crescimento económico e para o nosso dia-a-dia

Escrito em 02 de setembro de 2020

A economia circular e os seus benefícios para o ambiente, para o crescimento económico e para o nosso dia-a-dia

A economia circular e os seus benefícios para o ambiente, para o crescimento económico e para o nosso dia-a-dia.

Todos os anos produzem-se 2,5 mil milhões de toneladas de lixo na União Europeia. A UE encontra-se atualmente a atualizar a sua legislação relativa à gestão de resíduos para promover a mudança de uma economia linear para uma economia circular.

No mundo, são contabilizados mais de 3,5 milhões de toneladas de resíduos por dia. Por ano, essa magnitude chega a 1,3 bilhão de toneladas.

Só em Portugal, cada cidadão produz em média 1,3kg de lixo por dia, e segundo os dados da Agência Portuguesa do Ambiente, apenas 16% são recolhidos seletivamente para valorização, sendo o destino o aterro, em que penas 11% segue para reciclagem.

Mas do que falamos quando mencionamos economia circular? Quais são as razões e as vantagens de tal mudança?

 

Economia circular

A economia circular é um modelo de produção e de consumo que envolve a partilha, a reutilização, a reparação e a reciclagem de materiais e produtos existentes, alargando o ciclo de vida dos mesmos. Na prática, a economia circular implica a redução do desperdício ao mínimo. Quando um produto chega ao fim do seu ciclo de vida, os seus materiais são mantidos dentro da economia sempre que possível, podendo ser utilizados uma e outra vez, criando assim mais valor.

A economia circular contrasta com o modelo económico linear baseado no princípio “produz- utiliza-deita fora”. Este modelo exige vastas quantidades de materiais a baixo preço e de fácil acesso e muita energia.

A Economia Circular ultrapassa o âmbito e foco estrito das ações de gestão de resíduos e de reciclagem, visando uma ação mais ampla, desde do redesenho de processos, produtos e novos modelos de negócio até à otimização da utilização de recursos (“circulando” o mais eficientemente possível produtos, componentes e materiais nos ciclos técnicos e/ou biológicos). Visa assim o desenvolvimento de novos produtos e serviços economicamente viáveis e ecologicamente eficientes, radicados em ciclos idealmente perpétuos de reconversão a montante e a jusante. Materializa-se na minimização da extração de recursos, maximização da reutilização, aumento da eficiência e desenvolvimento de novos modelos de negócios. 

 

Os problemas da economia linear

A economia linear aliada ao aumento da população mundial tem causado uma procura crescente por matérias-primas, muitas delas escassas e finitas. Para além da dependência de alguns países para as matérias-primas necessárias, a extração e a utilização destas matérias-primas aumentam o consumo de energia e as emissões de CO2 com um grande impacto no ambiente.

  

Benefícios da economia circular

 

A economia circular distingue-se como um modelo focado na manutenção do valor de produtos e materiais durante o maior período de tempo possível no ciclo económico.

 

Este modelo é entendido como fornecendo benefícios de curto prazo e oportunidades estratégicas de longo prazo face a desafios como:

  • Volatilidade no preço das matérias-primas e limitação dos riscos de fornecimento.
  • Novas relações com o cliente, programas de retoma, novos modelos de negócio.
  • Melhorar a competitividade da economia - “first mover advantages”.
  • Contribuir para a conservação do capital natural, redução da emissões e resíduos e combate às alterações climáticas.

 Estima-se que as medidas de prevenção dos resíduos, conceção ecológica, reutilização e outras ações “circulares” poderão gerar poupanças líquidas de cerca de 600 mil milhões de euros às empresas da UE (cerca de 8% do total do seu volume de negócios anual), criando 170.000 empregos diretos no sector da gestão de resíduos e, ao mesmo tempo, viabilizando uma redução de 2 a 4% das emissões totais anuais de gases de efeito de estufa.

A Economia Circular é assim apresentada como um catalisador para a competitividade e inovação. Por exemplo, medidas que levem a uma recolha de cerca de 95% dos telemóveis na EU equivaleriam a uma poupança de mais de mil milhões de euros em custos de materiais de fabrico.

Parece incompreensível como é que estas medidas ainda não foram implementadas pela maioria das empresas, uma vez que tem benefícios e impactos positivos em várias áreas.

 

E nós? Como podemos contribuir?

É necessário repensarmos as nossas escolhas de consumo, nomeadamente:

  • Apostar em produtos com uma longa durabilidade.
  • Evitar o desperdício.
  • Não comprar por impulso.
  • Dar preferência a produtos reutilizados.

 Para ser mais fácil vamos deixar alguns exemplos:

  • Transformares os móveis velhos em novos.
  • Escolhe eletrodomésticos mais duráveis e eficientes.
  • Compra produtos em segunda mão.
  • Transforma garrafas de plástico em vasos, reutiliza garrafas de vidro como jarras, reaproveita frascos para armazenar alimentos, etc.
  • Faz a separação de resíduos de forma correta.
  • Alugar equipamentos em vez de os comprar, ou opta por comprar equipamentos usados, antes de adquirires novos.
  • Quem não tem algo em casa que já não utiliza? Roupa, um móvel ou um eletrodoméstico, podes dar/vender e permitir que o mesmo seja útil noutra casa.

Não é assim tão difícil, dá o primeiro passo e contribui para um planeta mais sustentável.